Conforto fora da zona de conforto

Aqui está a verdade sobre o yôga. Por mais que tentemos abraçar a serenidade inerente à prática dos ásanas, e gostamos sempre de nos imaginar movendo-nos com facilidade entre uma postura e outra, em alguns dias as coisas não acontecem exactamente desta forma.

Nalguns dias sentimo-nos a lutar e é difícil. E é desconfortável. Isto pode levar ao fim da nossa prática quando o que realmente procuramos é a fluidez mental e corporal.

Quando trabalhas um ásana desafiador, tenta levar a tua consciência a esse momento e relaxa… como se te sentisses, estranhamente, confortável com o desconforto temporário. Permite que ele esteja ali contigo. Dá-lhe as boas vindas. Adopta-o por uns instantes, sem o rejeitares.

Sente-te confortável com o ‘Desconfortável’

É um dos paradoxos maravilhosos no yôga – quanto mais lutamos contra o desconforto de um ásana, mais difícil ele se torna!

Quando relaxamos, conscientemente, a mente, a respiração e o corpo, e aceitamos os poucos segundos de desconforto, podemos encontrar um momento mágico. É nessa zona de desconforto que podemos esticar, crescer e ir mais longe.

Inevitavelmente, este princípio do yôga está espelhado na nossa vida. Quando nos permitimos aceitar um momento de pausa dentro do desconforto, quando a vida nos lança nesse desconforto, podemos conceder-nos a oportunidade de esticar e crescer como indivíduos, de uma forma que não esperávamos. Haverá então poder de crescimento na dor? Sim…

Estamos acostumados, e talvez programados, para tomarmos decisões de alívio rápido da dor: o anti-inflamatório para a dor corporal, o chocolate para aliviar a solidão, as relações sufocantes para não lidarmos com a nossa própria presença… E um sem número de estratégias. Tudo isto leva-nos para longe do nosso próprio centro, desviando a nossa atenção daquilo que verdadeiramente sentimos e queremos expressar. Isto apenas adia o inevitável: um dia teremos de lidar com todo o “lixo emocional” que acumulamos ao longo dos anos.

Não tenhas medo de fazer uma “Pausa”. Essa pausa pode ser o começo da tua mudança. Sair fora da zona de conforto é descobrir um novo mundo, é atravessar o desconforto e descobrir que, para lá desse “muro sólido e cinzento”, existe um campo de infinitas possibilidades.

Sentirmo-nos confortáveis com o desconforto, mesmo que temporariamente, dá-nos a oportunidade única de nos questionarmos sobre o que realmente precisamos no momento?

Não é um processo fácil! Requer esforço e dedicação diários. Mas da próxima vez que sentires vontade de tomar uma decisão imediata para escapares do desconforto, pergunta-te, primeiro, duas coisas:

1 ) O que estou realmente a tentar evitar sentir aqui?

2) O que quero realmente sentir?

Quando contactas com a realidade daquilo que sentes e abraças o desconforto, obténs a fórmula mágica de levar o yôga para além das quatro paredes da sala de aula.

Por isso, experimenta desligar a televisão, abraçar o silêncio e entrar, confortavelmente, na tua zona de conforto. Ah… e não te esqueças de continuar a levar consciência à tua respiração!

OM

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